Por Larissa Mazaloti, Viviane Nery, Caleb Walace / GNI Brasil
Em muitas culturas ao redor do
mundo, a vida em comunidade é parte principal da característica da população.
Mas especialmente no ocidente, essa não é a opção mais desejada pelas pessoas.
No sul do Brasil por exemplo, o individualismo e a independência são elementos
do cotidiano, principalmente dos grandes centros e de suas regiões
metropolitanas.
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Treinamentos atraem jovens para a vida em comunidade (Foto: CM Jocum/Facebook) |
Em Almirante Tamandaré, cidade localizada
há pelo menos 20 minutos do centro de Curitiba, capital do Paraná, há um local
onde a realidade é outra. Uma das bases de trabalho da organização missionária Jocum(Jovens Com Uma Missão) tem atraído jovens dos mais variados estados
brasileiros para participarem de treinamentos de até seis meses em regime de
internato, dispostos a enfrentar diferenças climáticas e culturais.
O carioca Yohan conta que viveu
um choque cultural porque no Rio de Janeiro as pessoas são mais abertas. “No
Rio dá para chegar em qualquer pessoa zoando. Aqui o pessoal é educado, mas é
fechado”, observa. Ele também fala que só nos últimos dois dias foi possível
usar seu par de chinelos. Segundo ele, a diferença de temperatura do Rio de
Janeiro para o Paraná é grande. Já Moisés, de Fortaleza (CE) conta que para
conviver com pessoas tão diferentes é preciso renunciar muitas coisas. “Vivência
em comunidade é um bagulho sério, mano”, brinca sobre a intimidade. Para o
Bahiano Raniel, o mais brincalhão dos três, uma das dificuldades é a saudade de
casa. “A convivência as vezes dói”, revela e afirma que isso está moldando o
caráter dele.
Algo que não falta quando pessoas
estão reunidas é comida. Para isso a Jocum Almirante Tamandaré terceiriza o serviço de cozinha e
com isso, ao trabalhar nesse setor, pessoas de fora, acostumadas com suas
rotinas comuns em suas casas com suas famílias também estão mudando suas opiniões
sobre viver de forma comunitária. É o caso de Lucas, o único homem da cozinha e
afirma que já enfrentou preconceito por isso. Apesar de ser cozinheiro
gastronômico, depois de enfrentar uma situação difícil aceitou a vaga de
auxiliar e demonstra estar muito satisfeito com o trabalho. “Depois que eu
entendi o tipo de vida deles e passei a ter também um vínculo com Deus como
eles, minha vida mudou profissionalmente e na família”, afirma. Darci, que veio do Pará e já viveu a
experiência de uma escola de treinamento da Jocum diz que da cozinha consegue
aconselhar os mais jovens por causa da experiência que ela teve em comunidade.
Teresa é auxiliar eventual nos finais de semana. Mesmo com menos contato ela
garante que a vida dela é outra, que ela tem aprendido muito. A equipe da
cozinha destaca que a vida espiritual deu um salto quando se depararam dentro
de um estilo tão diferente de vida.
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Pessoas de diferentes locais do Brasil vivem como família (Foto:Reprodução Facebook) |
Até mesmo quem não está
acostumado a uma convivência tão intensa, ao experimentar isso por alguns dias
chega até a pensar em viver dessa maneira. É isso que está acontecendo com
Viviane, que veio da Bahia para um final de semana na Jocum. Ao participar do
workshop GNI e Jornalismo, ela diz que apesar de conviver com pessoas, o fato de
uma reunião tão grande de jovens é o diferencial. “Toparia viver uma vida
assim. Acho muito interessante, apesar de saber que com marido e filhos seria
uma mudança radical”, analisa Viviane.
A Jocum está espalhada em mais de
180 países, cada base, apesar de manter o DNA da organização pode ser encontrada
com diferentes características de acordo com a cultura local ou que predomina
lá. Mas algo que não muda é esse convite a uma vida comunitária que pode gerar
muita reflexão antropológica, afinal, como costuma refletir uma das líderes
pioneiras de Jocum, Maria Helena: “o ser humano é sem fim e sem explicação”.
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