quinta-feira, 17 de março de 2016

Ok, eu vou. Tá, já entendi. Com cruz e tudo.

Quando Jesus Cristo pergunta aos discípulos quem falavam que ela era, Ele não estava passando por uma crise de identidade, ou uma crise existencial ou preocupado com o que diziam a respeito Dele. A pergunta de Jesus gerou em Pedro e gera em mim revelação e ela será repetida muitas e muitas vezes não porque Jesus tenha dúvida, mas para acabar com as minhas que são insistentes. E a dúvida, conforme ouvi Felipe Valente falar, é fundamental para que a fé tenha uma razão de existir e ser exercitada, porque do contrário, sem dúvidas, para que a fé? Mas essa dúvida existencial a respeito de Jesus Cristo deve ser sanada, esclarecida e aceita imediatamente com a minha própria resposta e certeza de que: "Jesus, você é o Cristo, é o filho do Deus vivo". 

Tal é a consciência de Jesus a repeito de quem Ele é e total conhecimento de quem eu sou, o questionamento Dele vem no momento exato em que independente do que eu esteja vivendo, Ele precisa me provocar uma reflexão, sobre o que custa a Ele ser quem é e especialmente o que custa a mim caminhar com Ele. É preciso que eu saiba que custa, porque como escreveu Brennan Manning no livro A Assinatura de Jesus a natureza humana quer pensar em alegria, não em angústia, mas ele esclarece um ponto que nos eleva ao Cristo: "No entanto, reconhecer a dor de Cristo e conhecer seu amor são dois aspectos que não podem ser separados".

Quando Pedro respondeu com revelação do Espírito Santo: "Tu és o Cristo de Deus", imagino eu, na impulsividade característica dele, que tenha respondido efusivamente, de forma festiva, afinal, a revelação nos traz um tipo de alinhamento com Deus, uma plenitude. E foi aí que Jesus falou em seguida sobre o seu destino de padecer, ser rejeitado, ser morto e ressuscitar. Eu compreendi como um alerta de que ser o Cristo de Deus não era nenhum "oba oba" e para deixar claro que Ele não estava sozinho nessa Ele disse: SE quiser vir junto, venha, mas é o seguinte: pegue a sua cruz primeiro, e aí vamos nessa. Eu identifiquei aí uma oportunidade e uma condição:

Oportunidade: "Se alguém quer": foi algo do tipo estar no portão, ser avisado sobre o tipo de trajeto e por isso é uma oportunidade, há um "se" que deixa aberto.

Condição: "Negue-se a si mesmo, tome sua Cruz": é um pré-requisito para a caminhada valer, é como ser convidado para festa americana: cada uma leva um prato. Vai curtir, mas vai ter que tirar um tempo para preparar algo para levar. Essa condição não determina se vou ou não vou, determina como eu vou.  A minha reflexão não é aqui sobre salvação, é sobre o tipo de caminhada que eu vou fazer. Até dá para ir mais atrás de Jesus, meio de longe, sem cruz. Ele não vai expulsar, mas com a cruz é lado a lado, sem cruz, lá na "rabeira".

A coisa com Jesus é mais complexa porque é simples (dá para entender? rsrs). Seguí-lo sem cruz dói mais, para salvar a própria vida tem que perdê-la, se topar perder eu a salvo. Aí no auge de uma crise em que eu digo: o que é isso? Onde fui me meter? Chega Jesus e me pergunta: E você, quem diz que eu sou?

E dentro de mim a resposta torna a repetir: Você é o Cristo, é o Filho do Deus vivo.
E Ele: Então deixa disso e se quer vir, larga mão dessas manias,
toma aí a tua cruz hoje de novo e "simbora".

Sou boba de não perder minha vida para Cristo salvar?

terça-feira, 15 de março de 2016

Por que eu assisto Os Dez Mandamentos?

Desde novembro do ano passado, quando a série O Dez Mandamentos da Rede Record foi disponibilizada no Netflix, Meu filho e eu começamos a assistir e já estamos chegando ao fim dela curtindo todas as emoções "novelescas" da incrível história do livro de êxodo da bíblia sagrada. Muitos irmãos cristãos torcem o nariz quando falo que assistimos e por se tratar de senso comum eu já sei quais são as observações de quem não gosta: - A Rede Record é do Edir Macedo e da Universal - A série não é fiel à Bíblia nem a história do Egito - A série tem muitas cenas de romance e até algumas consideradas "fortes" Eu não sou adepta da teologia ou da doutrina do Edir Macedo, no entanto esse cara, além de sua liderança e influência dentro de sua igreja, tem uma das maiores redes de televisão do Brasil e acredito, deve aparecer no cenário internacional, afinal ela resolveu encarar a briga por audiência com a poderosa Rede Globo de Televisão. A Record passou a investir na produção de séries baseadas na bíblia que sabe-se, causou uma mudança no perfil da audiência no Brasil. Sendo assim, temos histórias bíblicas versus novelas da Globo. Nas duas tem adultério, prostituição, corrupção, maldade, sexo, famílias destruídas. Mas a Record apresenta a redenção pela existência de um Deus único e a Globo apresenta a conformidade (para não dizer: aceitação obrigatória de nosso estado mais primitivo). Realmente ao assistir, principalmente tendo lido Êxodo dá pra identificar muita coisa que não é bíblica. Por se tratar de quase 200 capítulos entende-se que é preciso muita criatividade dos autores e roteiristas para criar a trama que liga os acontecimentos bíblicos, pensar por exemplo no que acontecia com a família de Moisés enquanto tudo acontecia com ele, assim como outras histórias que biblicamente não tem importância alguma para o propósito de esta história (a da libertação dos hebreus) ser contada a nós por Deus. Sobre os romances enfatizados e muitas vezes priorizados, também me irrita, mas de certa forma me leva a refletir que quando falamos de seres humanos estamos falando de romance, atração, envolvimento sexual lícito e ilícito e a própria bíblia relata a forte influência das paixões em momentos decisivos da história do povo de Deus (um exemplo é a outra série: Sansão e Dalila). Obviamente, principalmente os cristãos devem estar atentos à Palavra (teoricamente devem conhecê-la e consultá-la e se não o fazem, as heresias que escolhem acreditar não são culpa da série). Agora chego ao ponto que me levou a escrever sobre isso! Ontem fomos ver o filme Os Dez Mandamentos. Precisando ser um compacto, a maioria dos detalhes fantasiosos da série desaparecem e podemos aproveitar a produção artística para contemplar a soberania do Deus de Israel sobre os venerados "não sei quantos" Deuses do Egito. Como disse meu filho, o que ouvimos na saída do cinema valeu ter ido ver o filme e para mim, o convencimento ainda maior da importância dessas séries "brasileiras para o Brasil". Uma menina que estava sentada ao meu lado, ao descer as escadas para sair da sala de cinema comentou com os amigos: PRECISO VOLTAR PARA A IGREJA. Sua expressão facial era como que de uma consciência fatal a respeito de sua relação com Deus. Quando ela diz voltar para a IGREJA ela ainda despertou em mim um outro convencimento: a igreja é verdadeiramente a Noiva de Cristo. Essa menina possivelmente não lembrou de sua denominação em si, de seus pastores ou dos membros da igreja, porque o filme não trata de IGREJA, mas o que ela deve ter entendido foi que precisa voltar para DEUS. Se ela sente-se longe Dele por estar afastada da igreja, recai sobre nós, igreja - corpo e noiva de Cristo - a responsabilidade de como caminhamos, porque somos uma ponte. Foi para isso que Cristo constituiu sua igreja, para o fortalecimento de nossa fé através da comunhão. Quantos talvez tenham sido levados a Deus pela série ou por esse filme, quantos talvez tenham sentido o desejo de retornar para seu Deus? Não posso afirmar nada, mas sei que Deus ultrapassa todos os limites por causa de vidas como a minha e como a sua, como a dessa menina. Sei que precisamos ocupar os canais de comunicação, informação e entretenimento, sei que como indivíduos podemos usar essas produções como instrumentos. Lá em São Tomé e Príncipe na África eu fiquei encantada com una igreja que durante uma semana promoveu sessões de filmes ao ar livre, em diferentes locais de uma região para passar títulos "gospel" e dessa forma atrair e abrir caminho para Deus falar e se revelar. Ele pode fazer tudo isso sozinho, mas Ele nos convidou, nos comissionou e mais do que isso nos ordenou: IDE. Como vamos? Para quem vamos? O que mais penetrou no meu coração ontem com o filme e essa consciência da menina foi o poder e a fidelidade de um Deus que me chama de filha. O João Felipe estava eufórico por pensar no que o seu Pai do céu faz e no privilégio de partilharmos disso tudo.