“Convence as paredes do quarto e
dorme tranquilo, sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo...”
Já tem algumas semanas que essa frase da música de
Raul Seixas martela na minha mente.
Tenho dormido tranquila e sem me convencer desde que
percebi o grande abismo que havia entrado. O abismo do si mesmo. O si mesmo é
tudo aquilo que produz em nós um falso prazer, e tudo o que é falso tem prazo
de validade, e o que tem prazo de validade, obviamente tem fim.
Assim era minha falsa vida. O prazer diário terminava
quando o dia amanhecia e nada mais fazia efeito e nem sentido. Uma suposta alegria
instigada pelo prazer de horas e horas de conversas intensas e filosofias
baratas em rodas de boteco, se dissipava no “essa é a última”.
Chegou a hora de convencer minha alma que tá tudo
bem, e dormir com um buraco enorme dentro do peito carregado de mentira.
Quando Jesus de Nazaré falou que ao conhecermos a
verdade ela nos libertaria, ele falava de ser livre do si mesmo. A verdade é o
oposto do falso, sendo assim, nela não tem prazo, portanto é eterna.
Mas, o que é a verdade?
O mesmo Jesus disse que ele era o caminho, a verdade
e a vida. Quando acreditamos nele encontramos a estrada que devemos caminhar, e
ao caminhar vamos descobrindo que aquilo que “jurávamos“ ser verdade não era,
porque a verdadeira verdade aparece de verdade. (redundante, né?) É aí que a
liberdade vai sendo apresentada para aquilo que chamávamos de vida. Respiramos
e revivemos!
As nossas imperfeições, culpas, amarguras, rejeições
que sujam a alma, tudo isso vai sendo iluminado pela verdade que o espírito
santo nos mostra, tipo insights. E de
sobremaneira mágica ele faz tudo novo, de novo.
*Carla Maria é missionária da 7ª Igreja do Evangelho Quadrangular - Francisco Beltrão
e está em Barra do Corda, no Maranhão onde participa do projeto Gravações
Brasil, gravando em áudio, na língua dos Guajajaras o Novo Testamento
Hoje eu olho para muitas
fotografias minhas da adolescência e percebo que nas épocas em que eu me achava
terrivelmente gorda eu nem era. Posso até dizer que falar que passei a vida
toda sendo gordinha não é verdade. Tive fases de realmente passar do peso “recomendado”,
mas nada tão horrível quanto eu pensava que era.
Essa semana eu vi um vídeo
compartilhado no facebook onde adultos e crianças – homens e mulheres
respondiam a uma única pergunta: “O que você mudaria no seu corpo?”.
Há uns três anos eu tive a
oportunidade não só de responder, mas de tornar real a minha resposta a esta
pergunta. Fiz uma bariátrica e uma abdominoplastia. Eu estava com 100 quilos e
uma barriga com mais pelancas que a minha avó com 60 e poucos anos na época e 4
filhos. Eu, que tive filho aos 20 com uma barriga daquelas me sentia na justiça
de querer mudar isso (mais ainda do que a redução de estômago) e aceitei a
proposta da minha mãezinha amada de enfrentar o processo cirúrgico.
É fato que eu engordei novamente,
mas a abdominoplastia garante uma barriga normal (e confesso razoavelmente “estética”
pelos quilos que engordei). Mas de repente com o vídeo eu me perguntei, hoje, o
que eu mudaria no meu corpo?
A nossa relação com o corpo é
talvez a coisa mais individual, aquilo que realmente fica entre a gente e o
espelho – isso para quem encara os defeitos num boa, mas há quem sofra sérios
problemas de aceitação mesmo – mas apesar desta íntima relação eu penso que quando
nos olhamos nos avaliamos como se fôssemos outra pessoa e sempre imaginamos que
uma outra pessoas acharia que estamos: vale para homens e mulheres: gordos demais,
que temos um lado do corpo maior que o outro (e pelo que parece todo mundo tem
mesmo), que somos muito brancos ou muito negros, e uns mais estranhos que se
acham meio amarelos muito peludos ou pelados, a bunda é grande ou pequena,
estamos corcundas, e aquilo, de praxe: celulites, estrias, manchas. Aí tem o
cabelo que é menos problemático por facilmente poder ser modificado.
Nos olhamos sem amor, e olhamos
como possivelmente olhamos para os outros. Pensamos muito mais no que
mudaríamos, se pudéssemos, por fora do que por dentro. Esquecemos de nos olhar
e ver o quanto somos únicos, o quanto talvez os nossos defeitinhos nos façam
especiais para quem convive conosco. Talvez estejamos enganados sobre como as
pessoas que interessam pra gente nos olham.
Outro dia minha irmã me perguntou
o que acontecia se colocasse o dedo no meu umbigo, porque ele foi refeito com a
plástica e ficou bem “estrainho” diante dos umbigos originais, e eu olhei pra
ele (o meu umbigo) e falei: não acontece nada ué – até porque ele ficou tão “estrainho”
que ficou um buraquinho, que malemal passa um cotonete, mas ao olhar para ele e
saber que mesmo não sendo o original é o meu umbiguinho, único (especialmente
por ser “estrainho”) e como antes minha barriga pelancuda era motivo de tristeza
para mim, como eu gosto dele, das estrias porque me lembram a todo momento:
poxa! Eu sou mãe, cara! As celulites que me dizem que sou uma mulher e tanto,
mesmo com celulites sim! Que mesmo gordinha de novo eu me sinto bem e quase nem
lembro disso porque eu fiz uma coisa fantástica nos últimos 6 meses (e para
sempre e mais): eu escolhi mudar tudo DENTRO de mim e não no meu corpo e isso
me ocupa 100% das preocupações. A cirurgia foi muito importante para mim e eu
sou grata por tê-la feito, mas há tantas pessoas que não estão num caso extremo
como eu estava e sofrem e gastam tempo tentando achar uma forma de mudar as vezes
o corpo todo. O que é a beleza afinal? Se falarmos o que é padrão de beleza até
dá para definir e ainda assim com ressalvas, mas a beleza? Como avaliar se “quem
ama o feio, bonito lhe parece”?
E se ainda há o argumento de que
possamos pensar que ninguém nos ama, pô, Deus nos amou a ponto de enviar seu
filho para morrer na cruz por nós e além de tudo foi Ele que nos criou tal qual
somos! Viver em descontentamento com nosso corpo é desmerecer como Deus
escolheu nos fazer. Amar nosso corpo e ver nele os detalhes da perfeição da
criação – mesmo nas imperfeições é também uma forma de adorar o Criador.
Ah, o que eu mudaria no meu
corpo, se pudesse? Queria ter umas asas assim, grandiosas, como as de uma águia.
Foi para a liberdade que Cristo
nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a
um jugo de escravidão. Gálatas 5:1
Estava limpando o apartamento e
de repente veio na minha cabeça uma lembrança muito forte e um entendimento
profundo sobre a escravidão da alma provocada pelos vícios que a carne topa
ceder ao inferno. Eu nunca fui a maior limpadora de casa mas me dei conta que
as maiores faxinas que fiz foram usando cocaína. As vezes até mesmo depois de
uma noite cheirando sobrava um pouco e eu dividia em pequenas carreiras e ia me
“acelerando”, não com o efeito da droga
mas porque eu estava dando de beber ao capeta. Limpava um cômodo da casa e dava
um tiro (cheirava uma careira). Colocava roupa na máquina e dava um tiro,
estendi a roupa e dava um tiro e assim eu ia até que os tiros acabavam antes da
limpeza e aí eu já pensava em ligar para conseguir mais. Muitas vezes
eu ligava e aí já emendava pra noite.
Essa lembrança veio me esclarecer
profundamente a tristeza que existe na vida de uma pessoa que quer Deus mas que
prefere buscar o sustento da alma nas coisas que falsamente o mundo oferece.
Claro que a droga supre alguma coisa ou então não viciaria. Naqueles momentos
existe uma plenitude...uma satisfação. O que se busca na droga se encontra. Só
que passa rápido demais e o day after causa um buraco ainda maior. Eu não usava
droga porque eu era má ou porque eu era uma sem vergonha ou sem juízo. Eu usava
exatamente porque eu era boa, mas o mundo era mal. A Palavra diz que o mundo
nos odeia porque não somos desse mundo, se fôssemos, o mundo não nos odiaria.
Mas só em Cristo eu descobri a beleza de preencher a alma com algo que não é do
mundo, assim como nós não somos: JESUS.
Ora, o Senhor é o Espírito e onde
está o Espírito do Senhor ali há liberdade. 2 Coríntios 3:17
O maior risco da liberdade que é
implantada por Satanás na cabeça das pessoas desde o Jardim do Éden é o da
independência de Deus. A ideia de que devemos ser nós mesmos estar ligada a sermos
independentes é a fruta que não deveríamos morder. Quando nos soltamos dos
braços e da vontade de Deus nos perdemos nas nossas imperfeições humanas. A
santidade não é um castigo ou um sacrifício, é uma proteção. Me emociono quando
penso em como estou cercada por todos os lados com tanto amor e cuidado que não
consigo pensar em me mover um passo sequer em direção a qualquer prazer
momentâneo.
A verdadeira liberdade, aos que
ainda não foram tocados pelo Espírito Santo tem aparência de prisão porque a prisão
em que estão tem a maior cara de liberdade. Sem Jesus subimos alto porque
pensamos que vamos voar, mas aí conhecemos o precipício. Quem está preso
precisa ser liberto. Precisamos orar pelas águias com os pés amarrados, que
mesmo tendo asas não conseguem ir a lugar algum. É preciso coragem para
arrancar os pés da corrente, mas é a melhor decisão a tomar.
Andarei em verdadeira liberdade, pois tenho buscado os teus
preceitos. Salmos 119:45