quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O que você mudaria no seu corpo?



Hoje eu olho para muitas fotografias minhas da adolescência e percebo que nas épocas em que eu me achava terrivelmente gorda eu nem era. Posso até dizer que falar que passei a vida toda sendo gordinha não é verdade. Tive fases de realmente passar do peso “recomendado”, mas nada tão horrível quanto eu pensava que era.
Essa semana eu vi um vídeo compartilhado no facebook onde adultos e crianças – homens e mulheres respondiam a uma única pergunta: “O que você mudaria no seu corpo?”.
Há uns três anos eu tive a oportunidade não só de responder, mas de tornar real a minha resposta a esta pergunta. Fiz uma bariátrica e uma abdominoplastia. Eu estava com 100 quilos e uma barriga com mais pelancas que a minha avó com 60 e poucos anos na época e 4 filhos. Eu, que tive filho aos 20 com uma barriga daquelas me sentia na justiça de querer mudar isso (mais ainda do que a redução de estômago) e aceitei a proposta da minha mãezinha amada de enfrentar o processo cirúrgico.
É fato que eu engordei novamente, mas a abdominoplastia garante uma barriga normal (e confesso razoavelmente “estética” pelos quilos que engordei). Mas de repente com o vídeo eu me perguntei, hoje, o que eu mudaria no meu corpo?
A nossa relação com o corpo é talvez a coisa mais individual, aquilo que realmente fica entre a gente e o espelho – isso para quem encara os defeitos num boa, mas há quem sofra sérios problemas de aceitação mesmo – mas apesar desta íntima relação eu penso que quando nos olhamos nos avaliamos como se fôssemos outra pessoa e sempre imaginamos que uma outra pessoas acharia que estamos: vale para homens e mulheres: gordos demais, que temos um lado do corpo maior que o outro (e pelo que parece todo mundo tem mesmo), que somos muito brancos ou muito negros, e uns mais estranhos que se acham meio amarelos muito peludos ou pelados, a bunda é grande ou pequena, estamos corcundas, e aquilo, de praxe: celulites, estrias, manchas. Aí tem o cabelo que é menos problemático por facilmente poder ser modificado.
Nos olhamos sem amor, e olhamos como possivelmente olhamos para os outros. Pensamos muito mais no que mudaríamos, se pudéssemos, por fora do que por dentro. Esquecemos de nos olhar e ver o quanto somos únicos, o quanto talvez os nossos defeitinhos nos façam especiais para quem convive conosco. Talvez estejamos enganados sobre como as pessoas que interessam pra gente nos olham.
Outro dia minha irmã me perguntou o que acontecia se colocasse o dedo no meu umbigo, porque ele foi refeito com a plástica e ficou bem “estrainho” diante dos umbigos originais, e eu olhei pra ele (o meu umbigo) e falei: não acontece nada ué – até porque ele ficou tão “estrainho” que ficou um buraquinho, que malemal passa um cotonete, mas ao olhar para ele e saber que mesmo não sendo o original é o meu umbiguinho, único (especialmente por ser “estrainho”) e como antes minha barriga pelancuda era motivo de tristeza para mim, como eu gosto dele, das estrias porque me lembram a todo momento: poxa! Eu sou mãe, cara! As celulites que me dizem que sou uma mulher e tanto, mesmo com celulites sim! Que mesmo gordinha de novo eu me sinto bem e quase nem lembro disso porque eu fiz uma coisa fantástica nos últimos 6 meses (e para sempre e mais): eu escolhi mudar tudo DENTRO de mim e não no meu corpo e isso me ocupa 100% das preocupações. A cirurgia foi muito importante para mim e eu sou grata por tê-la feito, mas há tantas pessoas que não estão num caso extremo como eu estava e sofrem e gastam tempo tentando achar uma forma de mudar as vezes o corpo todo. O que é a beleza afinal? Se falarmos o que é padrão de beleza até dá para definir e ainda assim com ressalvas, mas a beleza? Como avaliar se “quem ama o feio, bonito lhe parece”?
E se ainda há o argumento de que possamos pensar que ninguém nos ama, pô, Deus nos amou a ponto de enviar seu filho para morrer na cruz por nós e além de tudo foi Ele que nos criou tal qual somos! Viver em descontentamento com nosso corpo é desmerecer como Deus escolheu nos fazer. Amar nosso corpo e ver nele os detalhes da perfeição da criação – mesmo nas imperfeições é também uma forma de adorar o Criador.
Ah, o que eu mudaria no meu corpo, se pudesse? Queria ter umas asas assim, grandiosas, como as de uma águia.

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