Por que eu assisto Os Dez Mandamentos?
Desde novembro do ano passado, quando a série O Dez Mandamentos da Rede Record foi disponibilizada no Netflix, Meu filho e eu começamos a assistir e já estamos chegando ao fim dela curtindo todas as emoções "novelescas" da incrível história do livro de êxodo da bíblia sagrada.
Muitos irmãos cristãos torcem o nariz quando falo que assistimos e por se tratar de senso comum eu já sei quais são as observações de quem não gosta:
- A Rede Record é do Edir Macedo e da Universal
- A série não é fiel à Bíblia nem a história do Egito
- A série tem muitas cenas de romance e até algumas consideradas "fortes"
Eu não sou adepta da teologia ou da doutrina do Edir Macedo, no entanto esse cara, além de sua liderança e influência dentro de sua igreja, tem uma das maiores redes de televisão do Brasil e acredito, deve aparecer no cenário internacional, afinal ela resolveu encarar a briga por audiência com a poderosa Rede Globo de Televisão. A Record passou a investir na produção de séries baseadas na bíblia que sabe-se, causou uma mudança no perfil da audiência no Brasil. Sendo assim, temos histórias bíblicas versus novelas da Globo. Nas duas tem adultério, prostituição, corrupção, maldade, sexo, famílias destruídas. Mas a Record apresenta a redenção pela existência de um Deus único e a Globo apresenta a conformidade (para não dizer: aceitação obrigatória de nosso estado mais primitivo).
Realmente ao assistir, principalmente tendo lido Êxodo dá pra identificar muita coisa que não é bíblica. Por se tratar de quase 200 capítulos entende-se que é preciso muita criatividade dos autores e roteiristas para criar a trama que liga os acontecimentos bíblicos, pensar por exemplo no que acontecia com a família de Moisés enquanto tudo acontecia com ele, assim como outras histórias que biblicamente não tem importância alguma para o propósito de esta história (a da libertação dos hebreus) ser contada a nós por Deus.
Sobre os romances enfatizados e muitas vezes priorizados, também me irrita, mas de certa forma me leva a refletir que quando falamos de seres humanos estamos falando de romance, atração, envolvimento sexual lícito e ilícito e a própria bíblia relata a forte influência das paixões em momentos decisivos da história do povo de Deus (um exemplo é a outra série: Sansão e Dalila). Obviamente, principalmente os cristãos devem estar atentos à Palavra (teoricamente devem conhecê-la e consultá-la e se não o fazem, as heresias que escolhem acreditar não são culpa da série).
Agora chego ao ponto que me levou a escrever sobre isso!
Ontem fomos ver o filme Os Dez Mandamentos. Precisando ser um compacto, a maioria dos detalhes fantasiosos da série desaparecem e podemos aproveitar a produção artística para contemplar a soberania do Deus de Israel sobre os venerados "não sei quantos" Deuses do Egito. Como disse meu filho, o que ouvimos na saída do cinema valeu ter ido ver o filme e para mim, o convencimento ainda maior da importância dessas séries "brasileiras para o Brasil". Uma menina que estava sentada ao meu lado, ao descer as escadas para sair da sala de cinema comentou com os amigos: PRECISO VOLTAR PARA A IGREJA. Sua expressão facial era como que de uma consciência fatal a respeito de sua relação com Deus. Quando ela diz voltar para a IGREJA ela ainda despertou em mim um outro convencimento: a igreja é verdadeiramente a Noiva de Cristo. Essa menina possivelmente não lembrou de sua denominação em si, de seus pastores ou dos membros da igreja, porque o filme não trata de IGREJA, mas o que ela deve ter entendido foi que precisa voltar para DEUS. Se ela sente-se longe Dele por estar afastada da igreja, recai sobre nós, igreja - corpo e noiva de Cristo - a responsabilidade de como caminhamos, porque somos uma ponte. Foi para isso que Cristo constituiu sua igreja, para o fortalecimento de nossa fé através da comunhão.
Quantos talvez tenham sido levados a Deus pela série ou por esse filme, quantos talvez tenham sentido o desejo de retornar para seu Deus? Não posso afirmar nada, mas sei que Deus ultrapassa todos os limites por causa de vidas como a minha e como a sua, como a dessa menina. Sei que precisamos ocupar os canais de comunicação, informação e entretenimento, sei que como indivíduos podemos usar essas produções como instrumentos. Lá em São Tomé e Príncipe na África eu fiquei encantada com una igreja que durante uma semana promoveu sessões de filmes ao ar livre, em diferentes locais de uma região para passar títulos "gospel" e dessa forma atrair e abrir caminho para Deus falar e se revelar. Ele pode fazer tudo isso sozinho, mas Ele nos convidou, nos comissionou e mais do que isso nos ordenou: IDE. Como vamos? Para quem vamos?
O que mais penetrou no meu coração ontem com o filme e essa consciência da menina foi o poder e a fidelidade de um Deus que me chama de filha. O João Felipe estava eufórico por pensar no que o seu Pai do céu faz e no privilégio de partilharmos disso tudo.
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