segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

2 anos

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No dia 6 de fevereiro de 2015 eu chegava em Almirante Tamandaré, uma cidade da região metropolitana de Curitiba, da qual nunca antes ouvira falar. Era uma manhã de segunda-feira, meu filho João Felipe estava comigo, empolgado com algo que hoje imagino, ele nem sabia do que se tratava. Há oito meses eu havia me rendido ao amor de Cristo por mim e ele, por consequência entrou nesse barco, no qual não poderia mais carregar nada do passado, aos poucos esse barco se distanciava cada vez mais de qualquer porto onde eu havia estado, e o João Felipe comigo. Confesso que eu mesma não fazia muito ideia do que viria pela frente.
Tinha um monte de malas, mas havia deixado para trás um apartamento montado, para onde sempre pensei que voltaria depois dos 5 meses que se iniciavam ali. Deixei possibilidades de empregos e o domínio sobre as atividades em minha área profissional, o jornalismo. Deixei a certeza de um salário certo no final de cada mês para depender de uma igreja e de pessoas, algumas inclusive cujo rosto nunca vi pessoalmente. Mas além de um monte de malas eu tinha agora um monte de rostos, idiomas, costumes, e uma rotina totalmente voltada a conhecer a Deus, e por ser isso inevitável, conhecer a mim mesma.
Nenhum texto alternativo automático disponível.Como diria Ney Matogrosso: rompi tratados, traí os ritos. Já havia cantado muitas vezes essa música com o sentimento de rebeldia que me moveu por muitos anos por uma louca ilusão de liberdade e amor, em que eu lancei minha vida nos poços mais fundos. Mas agora, a mesma frase passava a fazer outro sentido... o de romper tratados que fiz com o meu ego alimentado pelos elogios ao meu bom desempenho profissional e intelectual, e com o meu passado de frustrações e carências, atribuindo a ele a derrota particular que vivia e culpando as pessoas que mais me querem bem por ter descido tão baixo e já não discernir mais luz de escuridão. Tratados com relacionamentos afetivos, dos quais me tornei dependente, fazendo de pessoas meus deuses, suplicando por presença e fidelidade, refém da insegurança e do sentimento de inferioridade e nos quais exerci todo tipo de manipulação porque precisava ser amada a todo custo. Traí os ritos das noites de drogas e bebidas que me convenciam de que eu era alguém inadequada que somente em estado letárgico de embriaguez e chapação total poderia ser eu mesma, poderia agradar e me enquadrar nos grupos dos quais eu sonhava fazer parte.
Pensando nisso, vejo que deixei muito pouco que valesse a pena para trás. Não encontro mérito próprio algum na decisão que tomei, mas só consigo ver a cruz de Jesus Cristo e sobre ele todos os meus erros e pecados e nela a única possibilidade de viver.
Após tropeços no novo caminho, como uma criança que cai, envergonhada e machucada em busca de um colo, eu encontrei novamente a cruz. E nela eu resolvi de uma vez por todas me pregar para morrer com Cristo, e tendo assim a única possibilidade de viver com Ele. Estou integrada em uma base missionária onde trabalho voluntariamente com três expoentes: o treinamento e discipulado de pessoas e nações, o evangelismo como ferramenta de que todos tenham a chance de ouvir sobre Jesus Cristo e o ministério de misericórdia como meio de transformação social, educacional, econômica de comunidades que necessitam de assistência nesse sentido.
Ontem eu participei da quinta formatura na Jocum / Universidade das Nações, e neste último treinamento eu aprendi a estudar a bíblia por um método que tem como principal objetivo deixar de lado todo romantismo e ilusão de adequar a Palavra de Deus ao que penso, sinto, sofro ou me alegro. Mas ao contrário, embasar cada minuto de cada dia no que a Palavra diz. Longe de toda fragmentação eu pude olhar para a profundidade e integridade de textos que dizem exatamente o que dizem e não o que eu imagino ou desejo que diga. E eu creio que entro no terceiro ano como missionária pela fé em Cristo mais firme, mais disposta, mais realista acerca de tudo e de mim, mais consciente de minhas limitações – e são inúmeras – e completamente dependente de Deus em tudo. Que Ele me supra, que Ele me justifique, que Ele me santifique, que Ele me limpe.
Esse texto não é uma auto-declaração de renúncia, sofrimento ou martírio. Porque o que dou a Deus é muito pouco, é uma miséria diante do amor com que Ele me ama. Mas é uma prestação de contas com muita gratidão ao que têm caminhado comigo, orado, torcido, enviado energias positivas, os que aguentam meus posts nas redes sociais sem ainda terem me bloqueado, os que me mantêm financeiramente: é pelas mãos destes (no que incluo minha família), que como, me visto, assisto TV, faço um passeio na linda Curitiba, viajo para cursos, pago e escola do meu filho, compro para ele coisinhas gostosas, tomo banho quente, tomo um remédio, uso internet e até abençoo outras pessoas. Mas esse texto é também para dizer que cada dia eu tenho certeza que ainda que tudo isso seja tirado de mim, e se até mesmo a saúde não for suficiente, Deus é bom, fiel e digno da minha vida, e sem exagero, totalmente digno da minha necessidade e até morte.
Se você quer conhecer melhor sobre a bíblia, sobre missões ou simplesmente bater um papo, eu quero servir você. Como você pode me encontrar:

Whatsapp: 41 996615471

2 comentários:

  1. Que lindo, Lari. Eu te acompanho sempre e acho incrível esse seu trabalho. Que Deus continue te abençoando e iluminando seu caminho <3

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