quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A adoração não pode se limitar ao óbvio


Estive sábado no show do Lenine, na Virada Cultural em Francisco Beltrão. Parecia surreal ver um show desses, de graça, na minha cidade e ainda chegar pertinho de um artista que é admirável pela fidelidade à qualidade poética das letras e uma série perfeita de inovação dos sons, barulhos e acordes.

Deus é o dono de todas as coisas e a arte agrada a Ele porque faz com que a beleza criada pela criatura possa ser contemplada pelo Criador: sacou? É tudinho Dele.

É fato que me senti pisando num estranho território porque não mais havia participado de algo que é classificado pela divisão do “secular e sagrado”, um confronto novo para mim desde que me converti ao evangelho de Cristo.

Se falarmos em termos de mercado fonográfico onde há incontáveis artistas a disposição, assim como no “secular” há porcarias em termos de qualidade de conteúdo, e até musicalmente (falando do que não entendo) há também o que se pode chamar de “série B” no “sagrado”. Mas não se falarmos em adoração a Deus, porque há muito no “secular” que poder ser adoração, e quase tudo no “sagrado” é lindo igualmente aos olhos Dele.

Mas também quero que fique claro que essa divisão “secular” x “sagrado” não me agrada porque todas as coisas são Dele, para Ele e por Ele.

Mas então...estando confortavelmente instalada no território habitado por tudo que vem do evangelho, me desafiei  a manter meu foco absoluto em Deus mesmo estando fora do ambiente onde naturalmente Ele é o foco.

Lenine é “pérrrnambucano” (o pé é do nordeste e o rrrr do lado carioca) e tem uma carreira sólida na Série A da MPB. Desconheço suas raízes espirituais mas reparei que em muitasdas letras ele se refere a palavras que remetem a um enorme questionamento de si mesmo e do mundo, de onde veio tudo e para aonde tudo irá. Uma perceptível busca e até menções que me deram a clara impressão da tentativa de aproximação do Criador.

Veja o primeiro trecho da música “A Ponte”. Lenine é um poeta, ele brinca com as palavras e insere na música uma série de significados além do que se fala em alguns momentos de forma objetiva. Mas quem tem ouvidos para ouvir, que ouça!

Como é que faz pra lavar a roupa?
Vai na fonte, vai na fonte

Meu ponto de vista: Lavar a roupa pode ser o purificar-se. Como fazer isso? Vai na fonte: e a fonte da água viva e limpa é Jesus.

 Como é que faz pra raiar o dia?
No horizonte, no horizonte

Meu ponto de vista: Raiar o dia é estar na luz, sair da escuridão. Como fazer isso? O horizonte é onde se encerra a terra e inicia o céu no que alcança nossos olhos, dali vem Ele, Jesus, para nos dar o dia.
 
Este lugar é uma maravilha
Mas como é que faz pra sair da ilha?
Pela ponte, pela ponte

Meu ponto de vista: Esse lugar, o “mundo” é uma maravilha porque oferece sim uma quantidade de coisas que seduzem e nos iludem com satisfação, mas quando se conhece a verdade do evangelho (boas novas) de Jesus queremos sair da ilha, queremos ir mais além e como fazer isso? Pela ponte que é Jesus é para chegarmos ao Pai (Disse Jesus no evangelho de João: Eu sou o caminho, a verdade e a vida / Ninguém vai ao Pai senão através de mim).
 
A ponte não é de concreto, não é de ferro
Não é de cimento

Meu ponto de vista: Aqui podemos nos remeter ao abandono do pensamento material porque embora no final Lenine pareça falar de fato de uma ponte que existe e até fazer uma crítica social e política, Nesse trecho ele deixa claro que assim como a igreja não é igreja por ser um prédio somente, mas a igreja é a nossa atitude e mais:
 
A ponte é até onde vai o meu pensamento: Não há limites para o relacionamento com Jesus

 
A ponte não é para ir nem pra voltar: Jesus não serve para os que pensam na vida aqui, nas bênçãos e conquistas do agora.

A ponte é somente pra atravessar: Vistas a um outro lado, outro lugar para onde vamos atravessar ou quando buscados por Deus ou na volta de Jesus. Repare no “somente para atravessar”: Só há sentido em ser cristão se não queremos ficar indo e voltando de onde estamos.

Caminhar sobre as águas desse momento: E aí o que me chamou atenção porque Lenine usa enfaticamente um fato bíblico e um fato fortíssimo que comprova o poder de Jesus e como ele tentou fazer Pedro provar da fé que tinha. Caminhar sobre as águas é ter fé. Sobre as águas desse momento então é exatamente enfrentar o mar revolto: sair de uma situação difícil.
 
Pode ser que alguém procure o que ele quis dizer com essa letra e que a intenção dele não tenha nada a ver com isso. Mas o fato é que quem segue Jesus deve adorá-lo em tudo, especialmente quando se trata de arte. E eu senti claramente a presença do Espírito Santo nessa letra e precisamos ir mais além. A adoração não pode se limitar ao óbvio e somente ao conforto das músicas em que as palavras Deus e Jesus aparecem.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário