Estive sábado no show do Lenine, na Virada Cultural em Francisco
Beltrão. Parecia surreal ver um show desses, de graça, na minha cidade e ainda
chegar pertinho de um artista que é admirável pela fidelidade à qualidade
poética das letras e uma série perfeita de inovação dos sons, barulhos e
acordes.
Deus é o dono de todas as coisas e a arte agrada a Ele porque faz com
que a beleza criada pela criatura possa ser contemplada pelo Criador: sacou? É
tudinho Dele.
É fato que me senti pisando num estranho território porque não mais
havia participado de algo que é classificado pela divisão do “secular e
sagrado”, um confronto novo para mim desde que me converti ao evangelho de
Cristo.
Se falarmos em termos de mercado fonográfico onde há incontáveis
artistas a disposição, assim como no “secular” há porcarias em termos de
qualidade de conteúdo, e até musicalmente (falando do que não entendo) há
também o que se pode chamar de “série B” no “sagrado”. Mas não se falarmos em
adoração a Deus, porque há muito no “secular” que poder ser adoração, e quase
tudo no “sagrado” é lindo igualmente aos olhos Dele.
Mas também quero que fique claro que essa divisão “secular” x “sagrado”
não me agrada porque todas as coisas são Dele, para Ele e por Ele.
Mas então...estando confortavelmente instalada no território habitado
por tudo que vem do evangelho, me desafiei
a manter meu foco absoluto em Deus mesmo estando fora do ambiente onde
naturalmente Ele é o foco.
Lenine é “pérrrnambucano” (o pé é do nordeste e o rrrr do lado carioca)
e tem uma carreira sólida na Série A da MPB. Desconheço suas raízes espirituais
mas reparei que em muitasdas letras ele se refere a palavras que remetem a um
enorme questionamento de si mesmo e do mundo, de onde veio tudo e para aonde
tudo irá. Uma perceptível busca e até menções que me deram a clara impressão da
tentativa de aproximação do Criador.
Veja o primeiro trecho da música “A Ponte”. Lenine é um poeta, ele
brinca com as palavras e insere na música uma série de significados além do que
se fala em alguns momentos de forma objetiva. Mas quem tem ouvidos para ouvir,
que ouça!
Como é que faz pra lavar a roupa?
Vai na fonte, vai na fonte
Meu ponto de
vista: Lavar a roupa pode ser o purificar-se. Como fazer isso? Vai na fonte: e
a fonte da água viva e limpa é Jesus.
No horizonte, no horizonte
Meu ponto de
vista: Raiar o dia é estar na luz, sair da escuridão. Como fazer isso? O
horizonte é onde se encerra a terra e inicia o céu no que alcança nossos olhos,
dali vem Ele, Jesus, para nos dar o dia.
Mas como é que faz pra sair da ilha?
Pela ponte, pela ponte
Meu ponto de
vista: Esse lugar, o “mundo” é uma maravilha porque oferece sim uma quantidade
de coisas que seduzem e nos iludem com satisfação, mas quando se conhece a
verdade do evangelho (boas novas) de Jesus queremos sair da ilha, queremos ir
mais além e como fazer isso? Pela ponte que é Jesus é para chegarmos ao Pai (Disse
Jesus no evangelho de João: Eu sou o caminho, a verdade e a vida / Ninguém vai
ao Pai senão através de mim).
A ponte não é de concreto, não é de ferro
Não é de cimento
Meu ponto de
vista: Aqui podemos nos remeter ao abandono do pensamento material porque
embora no final Lenine pareça falar de fato de uma ponte que existe e até fazer
uma crítica social e política, Nesse trecho ele deixa claro que assim como a
igreja não é igreja por ser um prédio somente, mas a igreja é a nossa atitude e
mais:
A ponte é até onde vai o meu pensamento: Não há limites para o relacionamento com Jesus
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A ponte é somente pra atravessar: Vistas a um outro lado, outro lugar para
onde vamos atravessar ou quando buscados por Deus ou na volta de Jesus. Repare
no “somente para atravessar”: Só há sentido em ser cristão se não queremos
ficar indo e voltando de onde estamos.
Caminhar sobre as águas desse momento: E aí o que me chamou atenção porque Lenine
usa enfaticamente um fato bíblico e um fato fortíssimo que comprova o poder de
Jesus e como ele tentou fazer Pedro provar da fé que tinha. Caminhar sobre as
águas é ter fé. Sobre as águas desse momento então é exatamente enfrentar o mar
revolto: sair de uma situação difícil.
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