sábado, 9 de abril de 2016

Espelho

Baseado em:
  •  1 Coríntios 13:12
  •  2 Coríntios: 3:18
  •  Salmos 139
  • Livro As Confissões, de Agostinho de Hipona (Livro Décimo)

Mas que amo eu quando Te amo?

Jamais poderei amar-me sem conhecer-me, porém não posso me conhecer se não conheço Você e somente uma parte de Você eu vejo, como que por espelho.

Porque nem a mim mesma posso ver face a face, estranho seria sair de mim e me encarar.
Porque mesmo de frente comigo no espelho, apenas uma parte está refletida.

Mas quando eu olho para Você que me vê por inteira, então alguma noção eu posso encontrar daquilo que sou.

Porém a sua sinceridade é assustadora: por que não poderia Você medir as palavras a meu respeito?

Porque me acostumei com a mentira, a sua verdade eu, muitas vezes rejeito.

Numa mínima parte sua cabe o meu todo, afinal, que tamanho tenho eu diante de Você, que elaborou cada centímetro do meu ser?

E se olho para qualquer um que meus olhos alcançam, ainda não vejo por inteiro. Nunca verei nada inteiro?
Precisarei mesmo seguir os seus passos? Porque quando não o sigo, Você me persegue: se subo no mais alto prédio para de lá me atirar ou se desço na profundeza dos poços da vida para me afogar, lá está Você, insistindo na pequena parte que posso ver.

O mesmo espelho que me revela apenas em parte, é o espelho que sou para aquele que era cego e de repente enxergou: mas que imagem ele vê em mim? Será que ao menos consigo refletir em parte aquilo que o cego que agora vê, deseja ver face a face?




Nenhum comentário:

Postar um comentário