quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Nós e o diabo no deserto de cada dia

Os cristãos costumam chamar de deserto os momentos de dificuldade em que os passos ficam pesados, há fome e sede tanto material quanto espiritual. Em momentos assim parece estar mais fácil dar um jeito, resolver à nossa maneira do que confiar em Deus. O deserto é o cenário ideal para desistirmos do evangelho, ignorarmos as palavras de força e resistência ao mal que Jesus nos ensina.
Desertos em nossas vidas são períodos de dificuldade financeira, decepções afetivas, desentendimento com a família e até conflitos interiores a respeito da fé são algumas das situações que podem levar o crente a desviar o olhar da verdade.
Em Lucas 4:1-13 o evangelho relata a tentação de Jesus Cristo. É por isso que o ensinamento de Jesus é verdadeiro, porque Ele, o Deus vivo se fez carne e passou por muitas situações humanas desafiadoras. Para quem ouve falar dos 40 dias de Cristo no deserto sem atentar para a Palavra pode imaginar que Jesus tenha sito levado ao deserto por Satanás, afinal tudo o que é sofrimento atribuímos ao diabo e principalmente a ausência de Deus. Nos sentimos abandonados por Deus porque passamos a viver inseguros, humilhados por nossos erros, mas no entanto, claramente está escrito que o Espírito é que levou Jesus ao deserto.
O poetinha Vinícius de Moraes, sabe-se que gostava de um saravá, mas no poema O Operário em Construção abriu espaço ao evangelho citando Lucas 4:5-8 no início. Lá pela 12ª estrofe Vinícius mostra o motivo da referência bíblica e a aplicação na prática da tentação de Satanás quando vivemos nosso deserto, na desigualdade social, na necessidade material. Veja:
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário: Não podes dar-me o que é meu. 
Mas por que Deus permitiria seu filho enfrentar o deserto e pior, que Satanás o tentasse? Está escrito também que a tribulação gera perseverança e que no mundo teríamos aflições. Uma vez o pecado no mundo, estamos em constante guerra contra ele.  Jesus foi tentado em aspectos muito humanos que podemos aplicar facilmente ao nosso dia a dia de luta contra aquilo que não vem da vontade de Deus.
Jesus estava com fome, não comia há 40 dias. A fome de comida move homens a roubarem e até matarem por alimento, porque isso desafia os limites do corpo. A fome espiritual move homens ao vício, a hábitos de iniquidade porque estão vazios. Demônios de toda ordem cercam, jogam mentiras e confundem os famintos. Mas Deus nos enviou o alimento e Jesus disse ao diabo que nem só de pão vive o homem mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
Então Jesus também é levado ao alto para ver tudo o que ele poderia obter caso adorasse Satanás. Todos os dias nós somos levados ao alto em momentos que nem percebemos nós recebemos a oferta de benefícios se seguirmos o largo caminho do pecado. Para Jesus foram oferecidos reinados, glória, poder...para nós a oportunidade fácil, o dinheiro fácil, o status, o cargo...todos nós humanos e fracos estamos sujeitos a aceitarmos. Mas Jesus sabia quem era o dono de tudo aquilo. Como Satanás poderia dar o que ele não tinha? Então Jesus disse que somente a Deus adoraria. Sabemos quem é o dono de todas as coisas? Sabemos a quem servimos?
E aí vem a cartada final do diabo. Ele quer que Jesus caia através da própria Palavra de Deus. Satanás conhece a conhece e a usa também conosco muitas vezes. Ao dizer para Jesus que se lançasse do alto porque Deus o sustentaria, mas Jesus usa mais uma vez a Palavra dizendo: Não tentarás o Senhor teu Deus.
Sem sucesso nas tentações, o diabo afastou-se de Jesus.

O filho de Deus com todo o poder concedido a Ele vence uma batalha com uma única arma: a Palavra de Deus.

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